Réfugio de Angra

 **Beco&Drica**

Era 1993 quando eu vi, tão radiante como o sol que brilhava na pista, uma loira linda e de sorriso largo que trabalhava no posto da Shell. Encantado, tentei pedir seu telefone e ela negou. Consegui convidá-la para um almoço, mas ela não foi. Tamanha era minha dúvida sobre o que ela pensava de mim que não conseguia me concentrar. 

Ela habitava meus pensamentos e contagiava com seu jeito moleca. Acho que foi isso que me fez tão desfalecido de amores. Ela era meu ponto de equilíbrio, trazia leveza nos dias sombrios, calmaria nos dias decisivos e alegria nos momentos íntimos. Devotei-lhe todo meu carinho e admiração e achava interessante seu olhar curioso no mundo em que eu a introduzia.

Longas caminhadas na praia, Angra de refúgio, nosso casulo na rua Paraguaia, à cavalo ou de helicóptero, era um prazer fazê-la sentir todas essas novas experiências e mostrar como era o mundo fora da nossa casa Brasil, apresentando todas essas vaidades que meu dinheiro poderia comprar. Pelo menos isso, pois todo aquele dinheiro não podia tirar o estresse que não me deixava dormir, as preocupações que pairavam na minha cabeça durante o dia, o franzir na testa diante de situações avessas e meu descontentamento ao saber que, acima de tudo, não me fez comprar o bilhete de volta pros teus braços. Eu não queria partir…

Desafios a serem aceitos, compromissos a participar, expectativas a superar. Você ainda não entendia que aquela minha idade carregava tudo isso e, ainda muito nova para compreender, só afagava um carinho nos meus cabelos e se deitava sobre meu peito, parecendo ignorar tudo isso. Eu sempre te dizia: cuidado, garota! Mas acredito que não tinha noção do quanto o mundo era cruel, pelo menos desconhecia ainda. Tentei te abrir os olhos.

Tudo realmente foi muito lindo, minha admiração só crescia e quem diria que 1,70 com olhos esverdeados que reluziam meu dia fosse capa pra uma mulher alegre, determinada, sonhadora e cheia de valores. Soube balancear meu temperamento e não se deixou envaidecer pela instituição Senna, e eu nem queria isso. Queria mais da nossa intimidade, queria mostrar mais do verdadeiro Ayrton.


 Voos longos e cansativos, jantares exaustivos e cheios de pompa, paparazzis em todo canto, entre olhares julgadores sempre por perto, mas eu sempre te protegi. Tudo foi tão rápido quando aconteceu. Eu entrei para vencer, mas não tinha os meios. Confiei nas minhas habilidades, mas não tinha confiança na máquina. Foi horrível, mas foi rápido. Eu já devia saber, tinha todos os sinais na minha frente e ignorei. No calor do momento, não dei ouvidos às suas sugestões. Eu poderia ter dito não, mas decidi pagar para ver, e vi. Vi meu mundo se despedaçar numa colisão fatal, inesperada e sem dor.


Não te contei? Encontrei o Senhor na praia novamente e, dessa vez, vimos do alto você tentando dormir na areia e fez daquela canga, que outrora foi nosso leito, ali se fazer de travesseiro num sono que você não conseguia alcançar. Sinto muito por trazer tamanha dor! Mas ali te observando, fiz um pedido ao meu amigo: cuide e conforte minha garota, carregue-a nos braços da mesma maneira que sempre fez por mim. E assim o vi fazendo e você, com toda graça e educação, não se fez por menos e passou por tudo com tanta classe que meu carinho só aumentou. Minha Dri, só viva. Minha felicidade sempre será ver a tua!


(História poética baseada no livro Caminho das Borboletas)



---Veja mais no áudiobook do Livro: Caminho das Borboletas

https://youtu.be/wNYBe5IDj_Q?si=NGECpTQmQbWpg12




Dedicdo à Adriane Galisteu, meu respeito,carinho e admiração.




Vanessa P. Diniz

Carrego São Luís no meu coração e transmito meus sentimentos por palavras! Seja Bem Vindo!

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