No Postman’s Park era entardecer quando ela decidiu estender uma toalha na grama e se apoiar na árvore que, de frente para o mar, trazia uma brisa suave sobre seu rosto avermelhado e olhos lacrimejados. Ela se pôs a respirar e observar os casais namorando, crianças andando de bicicleta, famílias reunidas em piqueniques, jovens conversando e, ela estava sozinha lá, quando pôs a mão na barriga e começou a conversar com seu possível companheiro. Suspeitando que estivesse grávida, fez o teste em casa, embrulhou-o em um papel e escondeu na bolsa, começando a refletir na possibilidade,pensou...
"Meu querido filho, se chamará Theo…" Ela gostaria que fosse menino e já tinha o nome definido. Logo ela, que sabia das dificuldades e não gostaria de trazer uma criança ao mundo, já tinha decidido no coração isso. Era muito difícil lidar com as pressões e responsabilidades, e ela pensava se seria capaz de transmitir as informações necessárias para formar um ser humano minimamente equilibrado, já que ela mesma se considerava muito frágil diante do mundo cruel em que vivia.
Pensando alto como seria amado, como seu avô lhe ensinaria as capitais dos estados, como a avó o acalentaria quando tivesse cólicas, e como ela estaria animada ao ver seu bebê descobrindo os sabores e texturas dos alimentos. Como seus olhos brilhariam ao ver um brinquedo chacoalhar e como ela se derreteria quando ele balbuciasse as primeiras palavras. Seu bebê puxaria ao pai: curioso, sorriso fácil, gentil e carinhoso.
Ele pegaria na sua mão para aprender a andar, levaria ao futebol, à praia, levaria a tiracolo aquele companheiro tão querido e amado por todos nós. Mas antes de toda a alegria que lhe estava reservada, Amanda recobrou a consciência de sua realidade e não tinha segurança para ter aquela criança. Seu namorado de três anos não havia nem mencionado a possibilidade de casar com ela e, naquele ano, ela já havia considerado deixá-lo. Sempre firme em suas convicções, o sentimento por ele não sustentava mais aquela relação.