A Corrida da Vida


No trilhar da vida, iniciamos bem próximos e começamos a caminhada entre ruas e casas que criavam distâncias. Cumprimentos rápidos e vagos eram rotineiros, famílias que se conheciam, feriados barulhentos, calçadas largas; logo, adultos pegaram estradas diferentes. Entre risadas e copos gelados, cada um seguiu da maneira que achou certo. Na virada dos trinta, ambos mais conscientes de suas personalidades, com identidade formada e conceitos já estabelecidos, cientes de suas escolhas, a mente parece fazer um retrocesso e busca na memória como chegamos até aqui. Entendemos por que tomamos algumas decisões, como amizades e as pessoas em geral influenciaram o estilo de vida que levamos hoje. Talvez não arrependidos dos companheiros que escolhemos, nem da família que formamos, mas reflexivos. O “e se...” nos assombra quando colocamos peso na balança da vida e percebemos que talvez demos valor a coisas vazias e deixamos escapar algo muito valioso por, no passado, não termos a perspectiva que hoje alcançamos.

Um ouro negro surge todo entardecer, final de expediente cansado das tarefas, esgotado de tanta pressão no trabalho. Mas, quando encontra as crianças, um sorriso branco e de olhos se cerrando por não conter a alegria chega e ilumina tanto quanto o sol que se põe. Conversa fácil, brinca com todos e ainda encontra tempo para dar atenção à filha que insiste em passear um pouco na praça matriz.

Um alabastro radiante surge para o serviço matinal, graciosa atende a todos sem distinção e disfarça as cicatrizes da vida com o sorriso diário. Os problemas são constantes e, por vezes, pesam na cabeça e sobrecarregam o emocional, que nem sempre é resiliente. Os olhares trocados revelaram na mente o que já existia no coração, uma admiração recíproca. Bem criados, gentis e responsáveis, genuinamente sinceros, nunca pensaram em ultrapassar os limites, mas faíscas sempre saíram desses encontros breves.

Era Ano Novo quando finalmente, usando de pretexto o feriado, surgiu um abraço que, lentamente acariciando seus braços e dando as mãos, apreciava o momento, trocando cordiais felicitações e desejando o melhor; gostariam mesmo é que fossem a alegria um do outro. Vidas e estilos diferentes sabiam pesarosamente que nunca dariam certo e que, a essa altura da vida, nem valeria a pena tentar, mas em outras circunstâncias e ambientes talvez fosse genuinamente belo.

Nessa corrida, não há vencedores; o prêmio é só viver o máximo que der. Às vezes andamos, às vezes corremos, às vezes paramos para tomar água ou para simplesmente admirar as árvores que rodeiam o trajeto. Um aperto de mão e um “como vai?” são suficientes para manter acesa a faísca que não vira fogueira. Vidas não vividas são memórias fantasiosas que visitamos no subconsciente que aquecem o coração, não dá para morrer disso, só para equilibrar a injustiça que ela nos fez.







Vanessa P. Diniz

Carrego São Luís no meu coração e transmito meus sentimentos por palavras! Seja Bem Vindo!

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