Carlos Drummond de Andrade nasceu em 31 de outubro de 1902, na cidade de Itabira, Minas Gerais e foi um dos mais influentes e prolíficos poetas e cronistas brasileiros do século XX. Sua obra abrange poesia, prosa e crônica, e ele é amplamente reconhecido por sua contribuição à literatura brasileira e por seu estilo único e inovador. Estudou em Belo Horizonte e em Nova Friburgo, Rio de Janeiro. Formou-se em Farmácia em 1925, na Universidade Federal de Minas Gerais, embora nunca tenha exercido a profissão.Trabalhou como cronista para vários jornais e revistas, incluindo "Correio da Manhã", "Jornal do Brasil" e "Folha de S.Paulo", onde suas crônicas ganharam grande popularidade.
"Para Sempre" é uma crônica que nos convida a refletir sobre a natureza do tempo, a morte e a memória. Carlos Drummond de Andrade, com sua habilidade literária, transforma esses temas complexos em uma meditação poética acessível e comovente. Ele nos lembra da importância de aceitar a transitoriedade da vida e de valorizar cada momento e cada pessoa que amamos. A crônica é uma obra-prima da literatura brasileira, mostrando a capacidade de Drummond de explorar as profundezas da experiência humana com sensibilidade e beleza.
Para Sempre- 1968
Por que Deus permite
que as mães
vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem
hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva
desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura,
ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é
breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é
eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo
-
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava
uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto
de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito
grão de milho.