O Jardim Secreto de Ivy Green: Parte II




 Leia a parte I

(...)Com o passar dos anos, novas responsabilidades surgiram na vida de Ivy. Agora, ela trabalhava em uma multinacional recém chegada à sua cidade e conciliava isso com sua formação acadêmica em andamento. Sempre observadora, Ivy percebeu que o ambiente empresarial pode ser tanto construtivo quanto tóxico. Nem todos compartilhavam dos mesmos valores que ela, o que a levou a refletir sobre a extraordinária ambiguidade da natureza humana e sua diversidade. 

Pessoas diferentes carregam consigo uma bagagem emocional, cultural e formação distintas, e é essa mesma diferença que pode unir ou separar. João Miguel também seguia sua vida e agora estava trabalhando num serviço terceirizado para um setor de segurança e fazia um curso que prometera um diferencial na sua carreira. Ele continuava apaixonado por ela porem a diferença entre eles pessava cada vez mais, ele se via intrigado se um dia ela o culpara por qualquer situação entre eles. Ele a admirava muito e queria sua felicidade e acreditava que tava fazendo um desfavor pra ela desperdiçando sua juventude com alguém mais velho, fator que ela desconsiderava ate então.

‘’And on the highway of regret, Though winds of change are throwing wild and free, You ain't seen nothing like me yet”… Make You Feel My Love -Adele

De certo houve muitos momentos bons entre eles, muitas aventuras, muitas risadas, eles sabiam resolver seus conflitos e do fundo do coração ela nutria por ele um amor na qual mesmo que ele não soubesse mas ela estava disposta lhe entregar sua vida . Entretanto o quanto ele estava envolvido? Ela não saberia dizer e talvez ate temesse que a resposta fosse contraria a que seu coração desejará. Por que digo isso? Ora caro leitor, não seja ingênuo, Ivy só conhecia esse relacionamento e já havia entrado pra vida adulta confiando em qualquer palavra de seu amado. 

Pensemos bem, a base para o verdadeiro amor é... também não vou bancar a romântica tola, melhor dizendo a base para um relacionamento saudável é o comprometimento e respeito, certo? Qualquer relação normal e natural precisa evoluir com o mínimo de honestidade, o que não era o caso, Ivy o protegia e ele protegia a si mesmo. Esse relacionamento começou quando ela tinha 16 anos, ou seja, uma menor de idade e se estendeu ate sua vida adulta com 25 anos, levou um tempo para de fato deflagarem seu amor, mas no começo foi feito um padrão de confiança, cumplicidade e apoio com alguém que não tinha noção do que era vida, relacionamento ou madureza.

Era um amor muito idealizado para Ivy, com ele conheceu todos os caminhos tortuosos de um relacionamento, o dialogo, os risos, o ciúme, o descontentamento, o prazer, ligações não atendidas, os presentes, a ausência, os carinhos e os passeios noturnos. Não se tem dúvida que Ivy passou muitos bons momentos ao lado de João miguel e ela ter o amado tao significativamente mostra que sua personalidade também era algo notável, mas João Miguel parecia não querer evoluir seu relacionamento com Ivy, sempre a escondendo e sendo discreto ao publico.

 Na década seguinte um termo apareceu nos EUA que poderia descrever esse relacionamento, chamado "grooming" refere se a ''uma série de estratégias e comportamentos utilizados por agressores para ganhar a confiança de uma criança ou adolescente, muitas vezes visando abuso sexual. Esse tipo de comportamento pode ocorrer tanto online, em redes sociais e outros meios digitais, quanto offline, em situações presenciais."

Ivy jamais pensara em seu amado como um predador sexual, logo alguém com quem tinha as conversas mais profundas e íntimas e aquela pessoa que tinha maior estima, mas chegou o momento em que ela começou a raciocinar com ele que não estava contente e queria mais, queria toda uma vida com ele e que aquele seu sentimento não sustentava o relacionamento e uma das últimas vezes que se encontraram, dentro do carro ele escutou todas suas reclamações com atenção e em seguida a ignorou e começou a beija­ la e por não ser um carinho estranho a seu corpo se foi permitindo e quando se viu triste por perceber que não fizera caso de suas questões tomou uma água salgada que escorria sobre seu rosto, morreu ali um sonho e se abriu um céu de olhares sobre sua situação. 

Como já dito, Ivy observava muito as coisas e as pessoas e já era hora dela sair dessa situação, porem como deixar uma pessoa que você não quer deixar, um convívio de anos e uma relação não se constrói e nem se dissolve da noite pro dia é preciso ter coragem, auto conhecimento e muita força para reescrever a sua história.

Contristada com toda situação, numa tarde ensolarada Ivy dirigiu ate o litoral sozinha ela começou a observar como as ondas do mar que se movimentava, ficou imersa em seus pensamentos e traçou uma retrospectiva de sua vida e se pois a analisar como chegou a esse ponto e como se passou por tão tola por ignorar tantos sinais que estavam la por tantos anos e começou a questionar e quem sabe ate se dá conta o quão confortável ele estava nessa história, era reciprocidade ou beneficio sexual, se sentindo enganada a própria mente queria engana la mais uma vez lembrando apenas dos momentos bons partilhados, botando de lado a razão se perdendo em seu próprio mundo fantasioso e sempre se questionando se era tudo ilusão ou quanto ele era verdadeiro em suas palavras e ações.

"Numbers told you not to, but that didn't stop you, Finally twenty-nine, Funny just like you were at the time, Thought it was a teenage dream, just a fantasy, But was it yours or was it mine?, Seventeen, twenty-nine ‘’… Demi Lovato, 29.

O amor fantasioso é perigoso pois a mente cria o que queremos ver e a decepção aparece como um abismo que nos dá um choque de realidade. Ivy achava que ao confronta lo naturalmente ele sanaria todas as suas dúvidas e reafirmaria seus sentimentos, pelo menos é isso que ela gostaria que acontecesse. Mas veja bem, o amor é para pessoas maduras, no sentido que para se amar o respeito e admiração tem que vim primeiro por que pessoas maduras primeiro se amam, só que a aquela altura a admiração e respeito por João Miguel estavam se esvaindo, pois sua escolha de se esquivar do compromisso, não assumir a responsabilidade com ela, não está presente, não se interessar pelo bem estar dela era sinônimo de descaso e Ivy sabia que estava remando num barco que já havia afundado.

"Quando a gente gosta, é claro que a gente cuida, fala que me ama, só que é da boca pra fora, ou você me engana, ou não está madura, onde está você agora?”…Caetano Veloso – Sozinho

Naquela altura da vida, Ivy decidiu que aquele assunto não tiraria sua paz. Mesmo assim, não era fácil. Entre crises existenciais e choros, por vezes, revivia a história, sua história. Era o entardecer daquele dia quando ela decidiu limpar a areia dos seus pés. Enxugou suas lágrimas, lavou as mãos no mar e voltou para casa. Naquele dia, ela tinha sido liberada do serviço mais cedo por falta de energia e, sem avisar a ninguém, mudou o trajeto. Apenas precisava daquelas horas para tentar entender o quanto estava perdida.

O passar dos dias foi levando aqueles sentimentos. A rotina ajudava. Os amigos até perceberam uma tristeza, mas acharam que era a melancolia do dia a dia. Dedicando-se ao seu serviço, ela preencheu um vazio que estava sumindo aos poucos. Certo dia, indo até um café que ficava a poucas quadras de sua casa, uma borboleta bela-dama pousou em seu ombro. Sua cor tão marcante a impressionou quando ela virou e viu um rastro de sol atravessando as asas avermelhadas. Maravilhada, antes que pudesse esboçar qualquer reação, a borboleta bateu as asas e foi embora.

Ivy sentiu uma paz tão grande e, ali, finalmente, encerrou aquele capítulo da sua vida para então começar outro. No final do semestre, decidiu se mudar para uma cidade vizinha que era pacata e menos industrializada. Mudou de emprego também. Começou a escrever obituários da cidadezinha e ela mesma começou a pintar sua casa de branco gelo e azul celeste.

Continua...

Vanessa P. Diniz

Carrego São Luís no meu coração e transmito meus sentimentos por palavras! Seja Bem Vindo!

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