Começa com P

A vida adulta é um salto no escuro, uma caixinha de surpresas, sem chance para refazer, sem tempo a perder. E de todas as ilusões vendidas para um adulto, a maior é o conto de fadas sobre a vida a dois, que é lindo, o começo de um ciclo duradouro e, de repente, validando a gente como "gente" no mundo. Parece um checklist, e automaticamente vamos dando check. E, uma vez cumpridos, ainda ficamos de olho se os outros estão cumprindo, virando um círculo vicioso que não faz nenhum sentido, nem para nós e nem por que incentivamos os outros. Acabamos sendo peritos em vidas fracassadas e analistas de processos refeitos.

Mas não, a vida a dois não é feita só de amor, e o amor dentro da vida a dois não começa com A, começa com P.

P de perdão, perdão quando o outro fala sem pensar e ofende com uma palavra errada.  

P de paciência, paciência quando as circunstâncias estão fora do nosso controle e só nos resta esperar.  

P de paz, quando o seu objetivo é que sua casa seja um lar.  

P de paixão, porque a admiração contínua não pode se esvair com o tempo.  

P de positividade, pois adversidades são comuns na vida, mas levar os problemas com positividade deixa a vida mais leve.  

P de perspicácia, porque a felicidade a dois exige entender quando fazer vista grossa, quando calar, quando usar a sabedoria para deixar para lá.  

P de proteção, quando você se torna uma muralha e filtra o que chega aos ouvidos do seu companheiro. Às vezes, é melhor não saber; proteger é colocar a mão na quina para evitar que ela bata a cabeça, proteger é subir um pouco a coberta, proteger é oferecer sombra debaixo do guarda-sol ou só um gole de água durante um dia dele imerso no trabalho.  

 P de presença, porque estar ali de corpo e alma é valioso. Seu tempo, sua energia, seu comprometimento são essenciais.

Mas por que casamos mesmo? Por que existem quase 8 bilhões de pessoas no mundo, e de que serve sua vida para as outras pessoas nesse planeta? Quem lembra dos eventos significativos da sua vida?

Mas quando você casa, você promete testemunhar a vida do outro, bons e maus momentos, realizações e alegrias. Sua vida será lembrada e celebrada por alguém que você escolheu amar e com quem partilhar a vida, para sempre uma companhia e um ombro, para sempre alguém com quem dividir a sobremesa e a conversa fiada.

Mas não case para realizar os outros, não case para se sentir completa, não case para encontrar a felicidade e não case para ter o nome de casada. É importante não transferir a responsabilidade para o outro de te fazer feliz. Não sobrecarregue o outro com suas responsabilidades. Lembre-se: você está compartilhando a vida e não arranjando alguém para fazer suas obrigações.

No mundo em que vivemos, viva plenamente, saia do automático e faça tudo valer a pena, até no amor!